Introdução

O uso de implantes dentários para melhorar a qualidade de vida dos pacientes tem sido amplamente publicado em Medicina Dentária. A utilização de implantes extra longos na reabilitação total fixa implantossuportada oferece aos pacientes um melhoramento na mastigação, conforto, estética e fonética. A utilização deste tipo de implantes reduz o tempo de tratamento e o custo comparado com outras modalidades de tratamentos com implantes convencionais. A literatura reporta parâmetros favoráveis nos tecidos duros e moldes tanto em implantes axiais como angulados.

Reportaram-se taxas de sucesso altíssimas em estudos a 10 anos na mandíbula e cinco anos na maxila. A utilização de implantes angulados permite evitar estruturas anatómicas complicadas e maximizar a distância A-P na reabilitação total, permitindo ainda evitar enxertos ósseos de grande complexidade, aumentado a aceitação de planos de tratamento pelos pacientes. A utilização de implantes extra longos permite alcançar mais facilmente a função imediata, porque a ancoragem dos implantes vai situar-se em zonas anatómicas de maior densidade óssea, ou seja, existe uma elevada estabilidade primária em osso maxilar de baixa densidade com ancoragem bicortical com implantes extra longos (20, 22 e 25 mm).

 

Caso clínico

Paciente do sexo masculino, de 47 anos, fumador, sem história médica relevante, apresenta-se à consulta com mobilidade de todos os dentes do maxilar superior. Pretendia um tratamento definitivo porque “os dentes estavam sempre a abanar”. Após uma avaliação pré-tratamento (história médica e queixas do paciente, história dentária, análises radiográficas, exame intra e extraoral e plano de tratamento), efetuou-se um tratamento periodontal e propôs-se a extração de todas as peças dentárias do maxilar superior com colocação imediata de quatro implantes e uma restauração provisória fixa no dia da cirurgia. Após seis meses, colocou-se uma prótese fixa com uma ponte de implantes Nobel Procera, de zircónio estratificado com cerâmica.

Na cirurgia de colocação de implante dentário, efetuou-se anestesia loco-regional e exodontia de todas as peças dentárias do maxilar superior. Os quatro implantes colocados eram Nobel Speedy, sendo os anteriores axiais de 18 mm e os posteriores angulados de 20 mm. A estabilidade primária foi superior a 35 N. Seguidamente, colocaram-se pilares multi-units angulados posteriores e retos anteriores, e instalou-se uma prótese fixa provisória em acrílica no dia da cirurgia.

A cicatrização produziu-se durante seis meses sem nenhum aspeto negativo importante.

Após este período, procedeu-se a reabilitação final, a partir da duplicação da prótese acrílica imediata, tendo sido montada em articulador para manter a mesma dimensão vertical.

Após uma consulta para aprovação de um maquete de try in, efetuou-se a reabilitação final com uma ponte Nobel Procera de zircónio estratificado.

 

Discussão/conclusão

A literatura reporta taxas altíssimas na reabilitação total implantossuportada com quatro implantes dentários. A utilização de implantes extra longos parece permitir alcançar uma maior estabilidade primária em osso maxilar com baixa densidade com ancoragem bicortical, porque permite alcançar zonas anatómicas com melhor qualidade e densidade óssea, apesar de não haver estudos para implantes longos (20, 22 e 25 mm).

Figs. 1 a 4. Fotografias extraorais iniciais.
Figs. 5 e 6. Fotografia intraoral inicial e ortopantomografia.
Figs. 7 e 8. Prótese acrílica fixa imediata no dia da cirurgia.
Figs. 9 e 10. Montagem em articulador para replicação da provisória em carga imediata. Apresenta a mesma dimensão vertical da prótese acrílica imediata.
Fig. 11. Maquete de try in para reabilitação definitiva (após seis meses).
Fig. 12. Prova de maquete.
Figs. 13 a 15. Prova de cor com try in cerâmico feito em laboratório.
Fig. 16. Comparação de cor em photoshop lightroom.
Fig. 17. Ponte de implantes Procera.
Fig. 18. Dinâmica de luz da estrutura em zircónio.
Fig. 19. Fotografia polarizada de cor com try in cerâmico feito em laboratório.
Fig. 20. Estratificação da cerâmica.
Fig. 21. Prótese fixa total definitiva.
Fig. 22. Aspeto da textura da prótese fixa total definitiva.
Figs. 23 e 24. Fotografias extraorais finais.
Figs. 25 e 26. Fotografia extraoral final vs inicial.
Fig. 27. Comparação de prótese definitiva com try in cerâmico.
Fig. 28. Valor da prótese fixa definitiva.
Figs. 29 e 30. Fotografia extraoral inicial vs final.
Figs. 31 e 32. Close-up do resultado final (vistas laterais).
Fig. 33. Close-up do resultado final (vista frontal).
Figs. 34 e 35. Close-up do resultado final inicial vs final.
Figs. 36 a 41. Exemplos da utilização de implantes extra longos.

 

João Mouzinho, Catarina Vitorino, Pedro Brito

Bibliografia

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