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A saúde dos órgãos da cavidade oral e dos tecidos duros dos dentes depende em grande parte do volume de saliva produzida e de sua composição qualitativa. A saliva é um produto da secreção das glândulas salivares, que estão localizadas na seção inicial do sistema digestivo.

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No tecido mucoso do palato mole e duro, lábios, língua e bochechas, existem muitas pequenas glândulas salivares. Além disso, fora da cavidade oral, existem três pares de grandes glândulas:

  • parótidas,
  • sublinguais,
  • submandibulares.

Figura 1. Estrutura da glândula salivar.

As grandes glândulas salivares comunicam-se com a cavidade oral por meio de ductos excretores. Graças à secreção contínua de três pares de grandes glândulas salivares e pequenas, localizadas na espessura da mucosa oral, um humano secreta de 0,5 a dois litros de saliva na cavidade oral ao longo do dia.

Volume de saliva secretada por dia:

  • glândulas submandibulares – isso é 70% do volume total;
  • parótidas – 25%;
  • sublinguais – 4%;
  • as pequenas glândulas representam cerca de 1% do volume total de saliva.

O que é saliva

A saliva é um líquido viscoso, cujo pH varia entre 5,8 e 7,4. É composta principalmente por água, que representa 94-99% do seu conteúdo, na qual se encontram muitas substâncias orgânicas – 2/3 da massa e inorgânicas – 1/3 da massa.

A saliva, que é secretada diretamente pelas glândulas salivares, é chamada de saliva de ducto ou própria. No processo de excreção da saliva de ducto para a cavidade oral, ela se mistura com fragmentos de comida, leucócitos, epitélio descamado e microrganismos. Assim, forma-se a saliva completa ou mista. É essa saliva que lava os dentes e a mucosa. A saliva mista, quando coletada da cavidade oral para análise, é chamada de fluido oral.

Figura 2. Estudo da composição da saliva.

Como ocorre a formação da saliva

A produção de saliva é realizada pelas células das glândulas salivares, cujo funcionamento requer uma grande quantidade de energia. A quantidade necessária de energia é fornecida pelos processos dependentes de energia que ocorrem nas células das glândulas. A síntese de ATP ocorre como resultado dos seguintes processos bioquímicos:

  • oxidação aeróbica da glicose,
  • decomposição de aminoácidos,
  • β-oxidação de ácidos graxos superiores,
  • decomposição de outras moléculas orgânicas.

Essas reações metabólicas dependem do funcionamento do centro de transferência de elétrons, cuja operação é impossível sem um suprimento suficiente de oxigênio para as células das glândulas salivares.

Etapas da formação da própria saliva

Primeira etapa

Como resultado da primeira etapa, forma-se a saliva primária ou também chamada de secreção primária. A composição da saliva primária é a seguinte:

  • proteínas,
  • glicoproteínas, que são sintetizadas pelas células secretoras (acinárias),
  • água,
  • substâncias orgânicas (hormônios, vitaminas, imunoglobulinas G, A, M, medicamentos),
  • elementos inorgânicos, que penetram na saliva a partir do sangue.

A saliva primária é isotônica, e o conteúdo de eletrólitos nela é idêntico ao do soro sanguíneo.

Figura 3. Glândulas salivares.

A transferência de diferentes substâncias e elementos para a saliva a partir do sangue é um processo seletivo, determinado pelo funcionamento do único mecanismo hematossalivar. A estrutura deste último é representada pelas seguintes formações anatômicas:

  • rede de pequenos vasos sanguíneos e linfáticos,
  • espaço intercelular,
  • células do epitélio,
  • sistema de tubos das próprias glândulas salivares.

Todo esse sistema é preenchido com linfa, sangue e fluido intersticial complexos em composição. Aqui estão contidos todos os diversos componentes que são característicos da fração líquida do sangue: proteínas complexas e simples, lipídios, carboidratos, íons e hormônios. O transporte de substâncias da célula glandular para o sangue e, em seguida, para os ductos da glândula é realizado por meio dos seguintes mecanismos:

  • ultrafiltração – é um transporte passivo, transferência de elementos de uma área de alta para uma área de baixa pressão hidrostática,
  • transporte ativo,
  • pinocitose,
  • difusão simples e facilitada.

Segunda etapa

Nesta etapa, ocorre a formação da saliva fluida. Esse processo é realizado pelo movimento do secreto primário através do sistema de ductos salivares. Ele sofre muitas alterações, que são principalmente devidas à mudança no conteúdo de eletrólitos.

As células epiteliais dos ductos salivares nesta etapa reabsorvem do secreto primário íons Na+, Cl-, produzem glicose, lisozima, algumas outras proteínas características da saliva, íons K+, HCO3-, J-. A saliva que é liberada na cavidade oral é hipotônica. O movimento dos íons é realizado graças aos seguintes mecanismos:

  • canais iônicos – é um transporte passivo;
  • com a participação de ATPases – é um transporte ativo.

A penetração de água na saliva ocorre através de canais formados pelas proteínas aquaporinas.

Velocidade de produção da saliva

A velocidade de secreção da saliva é influenciada, em maior ou menor grau, por diferentes fatores.

Figura 4. Glândulas salivares humanas.

Ao longo do dia, a taxa de produção de saliva é variável, com uma média de cerca de 0,5 ml por minuto, diminuindo para 0,1 ml por minuto durante a noite, mas pode exceder 2,0 ml por minuto quando estimulada.

Fatores que influenciam a taxa de secreção de saliva:

  • composição qualitativa dos alimentos (proporção de proteínas, carboidratos, lipídios, alimentos salgados, ácidos, doces);
  • ritmos biológicos (hora do dia);
  • balanço hormonal (catecolaminas – acetilcolina);
  • idade e sexo do paciente;
  • doenças das glândulas salivares, doenças somáticas gerais;
  • estado físico e mental;
  • época do ano.

A ingestão de alimentos doces ou ácidos provoca a estimulação da salivação. O efeito da sacarase na secreção consiste na produção de saliva de consistência mais espessa.

Hipersalivação – um aumento na taxa de produção de saliva é observado sob a influência dos seguintes fatores:

  • drogas,
  • nicotina,
  • inflamação local da mucosa,
  • gravidez.

Hipossalivação – é a redução da taxa de secreção de saliva, que é observada em caso de:

  • deshidratação do corpo,
  • doenças somáticas,
  • estados febris.

Baixo conteúdo de saliva na cavidade oral causa secura desta – xerostomia.

Regulação da taxa de produção de saliva

Nos mecanismos de regulação da secreção de saliva, participam diferentes sistemas, incluindo a inervação parassimpática e simpática, regulação humoral, e o impacto dos neuropeptídeos:

  • adrenalina e noradrenalina, componentes da inervação simpática, têm um efeito estimulante na secreção de saliva de consistência mais viscosa e espessa, enquanto a composição da saliva conterá uma quantidade mínima de sais e substâncias orgânicas características;
  • acetilcolina, inervação parassimpática, estimula a produção de uma grande quantidade de saliva, cuja composição será rica em diferentes sais e substâncias orgânicas;
  • neuropeptídeo, substância P, é um mediador que aumenta a permeabilidade das paredes das células acinares, o que provoca o livre movimento das proteínas plasmáticas do sangue;
  • neuropeptídeo intestinal vasoativo é responsável pelo tônus das paredes vasculares e pelas capacidades secretoras das células epiteliais da cavidade oral e do trato digestivo.

As moléculas de regulação apresentadas acima interagem de maneiras diferentes com os receptores das células acinares. Graças ao trabalho do sistema de adenilato ciclase, a transmissão do sinal do noradrenalina é realizada, levando à estimulação da proteína quinase A e à liberação do conteúdo das granulas secretoras no ducto da glândula salivar. Outras moléculas que desempenham função regulatória transmitem o sinal por meio de canais iônicos. Observa-se um aumento na concentração de íons cálcio nas células, que exercem um efeito estimulante na secreção de saliva.

Estudo da composição qualitativa e quantitativa da saliva

O estudo das características bioquímicas da saliva permite estabelecer um diagnóstico correto quando há suspeita de doenças dos órgãos da cavidade oral, ou em algumas patologias somáticas. Assim, uma alta concentração de fosfatase ácida indica o desenvolvimento de doença periodontal, assim como a redução do conteúdo de lisozima na saliva.

Figura 5. Coleta de saliva para pesquisa.

Ao identificar uma concentração elevada de peróxidos, produtos de oxidação radical livre, incluindo dialdeído malônico, pode-se supor o desenvolvimento de periodontite, acompanhada por dano celular. Estudos de saliva não são raros na prática médica geral, pois permitem identificar algumas doenças sistêmicas: hepatite, infecção por herpesvírus.

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